A REFORMA E REGULAMENTAÇÃO DA GUARDA MUNICIPAL DE JEQUIÉ - BAHIA, CRIANDO A GUARDA CIVIL - CAPÍTULO III
FONTE:
A NOVA HISTÓRIA DE JEQUIÉ -
LIVRO DO HISTORIADOR JEQUIEENSE - ÉMERSON PINTO DE ARAÚJO:
“ (...) Nereu Ramos, presidente do Senado,
assumiu a direção do Poder Executivo, possibilitando a posse da chapa
Juscelino-Jango, eleitos para o terceiro qüinqüênio, a 31 de Janeiro de 1956.
Em Jequié, Lomanto Júnior, após concluir o
mandato de prefeito, elegeu-se deputado estadual sem maiores contratempos.
Difícil, entretanto, foi a eleição do seu sucessor, o advogado Ademar Nunes
Vieira do PL, neto de Damião Vieira, o primeiro professor do município, tendo
como contendor, o udenista Dorival Borges de Sousa que ,ais uma vez, tentou
conquistar o curral municipal. A campanha sucessória foi mais tumultuada do que
as anteriores, tendo o candidato Ademar Vieira, realizado um dos seus últimos
comícios num palanque quebrado, com a bandeira da Bahia rasgada, segundo dizem,
pelos seus adversários, o que lhe rendeu muitos votos na cidade, onde sua
votação era periclitante. A oposição, por sua vez contestou a versão,
declarando que os estragos foram provocados pelos próprios seguidores do
candidato governista, com o fito de angariar simpatias no seio do eleitorado. A
polêmica permanece até os dias atuais, havendo quem atribua a um indivíduo
conhecido como Palmer, a autoria da façanha.
Ferido o pleito municipal, Dorival Borges
de Souza teve expressiva votação na sede do município, a qual não foi
suficiente para abater a quantidade de votos obtidos por Ademar Vieira nas
urnas interioranas. Uma nova batalha de recursos foi interposta na Justiça
Eleitoral, contestando os resultados de algumas seções de votação. Empossado a
7 de abril de 1955, juntamente com os novos integrantes da Câmara de
Vereadores, o certo é que o novo chefe da Comuna, tendo contra si o governo do
Estado e forte oposição local, levou à efeito uma administração fértil,
pavimentando ruas, ampliando a rede de iluminação, concluindo o prédio da usina
de luz, hoje pertencente à Coelba, conseguindo ainda da Marinha a doação de um
potentíssimo motor movido a óleo que resolveu por algum tempo o problema decorrente
da escassez de energia elétrica. Faleceu quando faltava um ano para concluir o
mandato, tendo um enterro concorridíssimo.
Ao morrer, Ademar Vieira já tinha concluído
a maior parte do mandato. Em tais casos, como não havia o cargo de
vice-prefeito, a legislação vigente determinava que caberia à Câmara de
Vereadores escolher o sucessor para a complementação do restante do quadriênio.
A escolha recaiu sobre o vereador Urbano de Almeida Neto, representante do
distrito de Jitaúna.”
“Dois acontecimentos agitaram a comunidade
jequieense naquele quadriênio. Criado o policiamento ostensivo pelo governador
Antônio Balbino, com a famosa dupla “Cosme e Damião”, foi o mesmo entregue em Jequié
ao então tenente Etiene Falcão. Em nome da manutenção da ordem, uma série de
arbitrariedades foi perpetrada contra cidadãos conceituados, proibidos até de
cruzar as pernas no cinema (parece até piada...), provocando a revolta da
sociedade. A arbitrariedade chegou ao auge quando a força policial invadiu as
instalações da “Rádio Baiana de Jequié”, no momento em que divulgava a gravação
de uma fita contendo denúncia de Washington Navarro Pinto contra as violências
do tenente Etiene. Para não ser preso, Washington Navarro Pinto teve que deixar
a cidade às pressas. Imediatamente, as forças vivas da comunidade reforçaram os
telegramas expedidos às autoridades federais e estaduais reclamando
providências, o que culminou com a destituição do tenente atrabilário, chamado
de volta à capital do Estado. Situação semelhante ocorreu anos atrás, quando o
secretário da prefeitura na gestão Newton Pinto de Araújo, com o apoio da
Guarda Municipal, fechou barracas de jogo de azar com funcionamento autorizado
pelo delegado regional de polícia, pessoa de confiança do Secretário de
Segurança Pública do Estado, Oliveira Britto. O delegado regional chegou a
ordenar a prisão do secretário da Prefeitura, o que não aconteceu, recaindo a
prisão sobre um dos integrantes da Guarda Municipal, logo em seguida posto em
liberdade por força de um habeas corpus deferido pelo juiz da Comarca Mário
Lins Ferreira de Araújo. Irritado, o delegado prendeu o carcereiro que acatou a
decisão da justiça. Telegramas de várias entidades foram endereçados às
principais autoridades do Estado e do País. O episódio só não teve um
envolvimento maior porque chegou uma determinação do Ministério da Justiça
mandando cumprir com todo rigor a decisão do presidente Eurico Gaspar Dutra,
proibindo o jogo de azar em todo o País. O secretário da Prefeitura na ocasião
outro não era do que o autor deste livro. O incidente foi registrado nos
jornais da cidade e da capital.”